O Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta sexta-feira – 8 de março, remete a luta do grupo feminino por direitos, espaço e igualdade. A definição desta data foi uma conjunção de fatos históricos mundiais da luta das mulheres, a mais conhecida delas sobre as 129 operárias que morreram carbonizadas em uma fábrica têxtil, em 1911, em Nova York. Contudo, a origem do 8 de março também tem significado na Dinamarca, na luta pelo voto feminino encabeçada pela marxista alemã Clara Zetkin, e também na Rússia, em 1917, quando um grupo de mulheres foi às ruas no protesto conhecido como “Pão e Paz”, pelo fim da participação do país na I Guerra Mundial.
O Dia das Mulheres é uma data que de longe pretende celebrar a vaidade, sensibilidade e o cuidado das mulheres, mas sim a sua força, coragem e vontade de pertencer, barradas historicamente em diversos contextos na sociedade patriarcal, sendo obrigadas a lutar por conquistas como a do voto, por exemplo. No Brasil esse direito comemorou 92 anos no último mês de fevereiro.
Microrregião
Na sociedade em geral, ainda é perceptível a falta de representatividade feminina em diversos setores e cargos de liderança, por exemplo, na política, onde é decidida a vida dos cidadãos e cidadãs.
Na nossa microrregião não é diferente. Americana, Santa Barbara d`Oeste e Nova Odessa possuem cerca de 500 mil habitantes, mas estes mesmos elegeram apenas 6 vereadoras na última eleição municipal em 2020.
Em Americana, com 19 lugares no Poder Legislativo, apenas três parlamentares são mulheres: Juliana (PT), a vereadora Nathalia Camargo (Avante) e a vereadora Leonora Périco (PDT).
Para a vereadora Juliana, a presença feminina na política gera um incômodo generalizado. “Aquele modo de fazer política mais genérico, que algumas pessoas chamam até de “a velha política”, se construiu a partir da perspectiva dos homens”.
Violência política de gênero
Em Santa Barbara, também com 19 vereadores, apenas duas mulheres ocupam as cadeiras legislativas. São elas: Esther Moraes e Katia Ferrari. Foi inclusive nesta Câmara Municipal que, no atual mandato, aconteceu um caso de ‘violência política de gênero’ que repercutiu nacionalmente, quando o vereador e bolsonarista Felipe Corá usou termos como “late mais” e “se recolha a sua insignificância” durante a sessão. Ele foi condenado por danos morais.
A violência política de gênero é um dos enfrentamentos das mulheres. Além da batalha para chegar a locais antes inalcançáveis a elas, esse tipo de violência se torna outra `chaga` para aquelas que atuam em frentes de poder, conforme aponta a vereadora Esther. “Nosso mandato infelizmente protagonizou e foi vítimas de tristes episódios e ao nosso lado temos outras parlamentares e secretárias que passam por isso. O judiciário tem sido acionado, mas ainda precisamos de medidas que punam de maneira exemplar e que combata esse tipo de violência, que contribui para a baixa representatividade feminina na política”.
Parlamentar única
Em Nova Odessa, cidade com nove vereadores, as mulheres encontram representatividade na única vereadora eleita Marcia Rebeschini (PV). A parlamentar reforça que “a presença feminina no poder público, seja como agente político ou como ocupante de cargos de chefia e direção, contribui para que as políticas sejam elaboradas e implementadas de uma forma mais ampla, com olhar mais sensível à realidade das pessoas”.
Secretarias
Não apenas nos cargos eletivos, mas na linha de frente do público regional a presença das mulheres ainda deixa a desejar.
Em Americana, das 18 secretarias municipais, apenas três são lideradas por mulheres. São elas a Secretária de Cultura e Turismo, Marcia Gonzaga Faria; a secretária da Fazenda, Simone Inácio de França Bruno; e a secretária de Assistência Social, Juliani Hellen Munhoz Fernandes.
Em Santa Bárbara, com 19 Pastas Municipais, apenas quatro são chefiadas por mulheres. A Secretária de Administração, Roberta Semmler Laudissi; a Secretária de Educação, Tânia Mara da Silva; a Secretária da Fazenda, Paula Fernanda Marchesin de Mori; a Secretaria de Justiça e de Relações Institucionais, Márcia Regina Petrini Della Piazza; e a Secretária de Promoção Social, Maria Cristina da Silva.
Já em Nova Odessa, das 13 Secretarias, seis são lideradas por mulheres. A Secretária de Assuntos Jurídicos, Vania Cezaretto; Chefia de Gabinete, Carla Furini de Lucena; Diretoria de Gestão Social e Cidadania; Priscila Marestoni Peterlevitz; Secretária de Meio Ambiente, Arynane Massita; Secretária de Obras; Miriam Cecilia Lara Netto; e a Secretária de Saúde, Jaqueline Geny da Rocha Serrano.
Mais que diversificar o palco das inaugurações e anúncios públicos, situação que caracteriza fortemente a desigualdade de gênero, enquanto as mulheres são maioria da população e do eleitorado, a presença feminina nas linhas de frente, nas instituições políticas ou em qualquer outro âmbito representa uma conquista crucial para a sociedade como um todo, com ambientes mais diversificados e inclusivos, onde diferentes pontos de vista são valorizados e respeitados.
Avanço e luta
A vereadora Katia Ferrari acredita que apesar de tímido, o movimento já avançou. “Apesar de ainda não ser o ideal, as mulheres têm avançado na distribuição do poder político. É importante que mais mulheres sejam incentivadas a seguir seus objetivos e tenham uma rede de apoio para dar suporte para todas”, disse.
Para a vereadora Juliana do PT, a luta pela equidade tem nome. “A grande questão é: não basta ser mulher, tem que ser feminista. Caso contrário, teremos apenas um avanço superficial meramente quantitativo no sentido de ampliarmos a representação em defesa dos direitos, da vida e da liberdade das mulheres”.